Apesar de iniciar sua trajetória no UFC com derrota, Carlos Boi não se abalou e está tão disposto a dar a volta por cima na carreira, que retornou ao octógono de forma rápida. O brasileiro, que estreou na organização em julho de 2020, fará sua segunda aparição contra Yorgan de Castro, no sábado (03), em Abu Dhabi, e espera mudar a impressão que o público teve a seu respeito.
Em entrevista exclusiva ao SUPER LUTAS, além de analisar seu adversário, o peso pesado (120,2kg) falou sobre a experiência de atuar, novamente, na famosa ‘Ilha da Luta’, contou como se originou a rivalidade com Sergey Spivac e opinou a respeito da polêmica ‘sarrada’ de Israel Adesanya em Paulo Borrachinha, no UFC 253.
Se o convite para atuar na ‘Ilha da Luta’ é um sonho para muitos atletas, Carlos Boi pode se gabar. O brasileiro é novato no UFC, mas é um veterano em Abu Dhabi, já que estreou e fará seu segundo combate no mesmo local. Sabendo do longo deslocamento e da alta temperatura, Boi informou que chegou com antecedência para não ser surpreendido por fatores externos.
“Para falar a verdade, não esperava. Fiquei surpreso quando me ofereceram essa luta. Eu tinha desafiado o Bebezão. Dessa vez, vim mais preparado. Cheguei uma semana antes para me adaptar melhor. Inclusive, treinei do lado de fora do hotel, em pleno meio-dia. Se eu aguentei fazer um treino intenso, nesse calor, estou pronto para lutar até na areia do deserto”, contou.
Geralmente, quando se tem pesados no octógono, a expectativa é de que a luta seja brutal e Boi não só concorda com o rótulo, como acredita que esse será o melhor duelo da noite. O brasileiro vê semelhanças com Yorgan de Castro e citou um ponto positivo do adversário.
“Essa luta será sangrenta. Somos trocadores agressivos e temos características parecidas. Nossa estatura é pequena para os pesados, mas temos mais velocidade. Acredito que tem tudo para ser a luta da noite. Ele tem bons chutes baixos e cruzados rápidos, mas é aquela história: ele não vai lutar com um cara sem perna. Tenho uma para chutar e bloquear. A diferença é quem aguenta mais golpes”, analisou
Apesar de ter perdido a invencibilidade logo em sua estreia no UFC, Boi lidou bem com a derrota e preferiu dar méritos à Sergey Spivac do que desculpas.
“Fiz tudo que podia. O mérito tem que ser dado à ele. Muitos falaram que eu senti a pressão da estreia, mas não foi isso. Você tem que ter os pés no chão para admitir que o adversário foi melhor. Acho que ganhei os dois primeiros rounds. Ele passou um sufoco, mas voltou bem no terceiro. Não vi como derrota. Para mim, foi empate, mas não estou me apegando a isso. São águas passadas”, admitiu.
Assim como muitos atletas brasileiros recebem duras críticas quando derrotados, Boi foi alvo da ira dos fãs no meio virtual. No entanto, não se incomodou, porque não tem tempo a perder com esse tipo de comentário.
“Eu não ligo muito. Não estou nem aí para a vida de quem torce contra. Ligo para quem me apoia. Muitos criaram perfis fakes para me criticar, mas não ligo. Entra por um ouvido e sai pelo outro. O que eu quero é ganhar muito dinheiro e lutar. Não dependo da opinião dos outros. Agradeço muito quem gosta de mim e luto pelas pessoas que gostam do meu trabalho. Quem é contra, infelizmente, terá que me aguentar”, pontuou.
Se Boi não teve problema para aceitar a derrota, o mesmo não pode ser dito sobre as provocações de Spivac. O brasileiro esclareceu que não é o vilão da história, como muitos podem imaginar, e explicou o que causou a animosidade.
“Muitos me criticaram pela discussão, mas não sabem o que rola nos bastidores. Na semana da luta, ele passou com a equipe por mim, olhando e rindo. Fiquei irritado, levei para o coração e descontei as provocações. Se ele foi homem para provocar fora das câmeras, deveria ser homem para manter a postura no octógono. Quando a luta acabou, ele se fez de coitadinho. Quando deram a vitória para ele, fiquei chateado, virei as costas e, quando vi, ele estava mandando beijo e falando, aí fui para cima”, revelou.
Depois do ocorrido, a revanche faz parte dos planos do brasileiro, que não vê a hora de retribuir o favor.
“Sem dúvida nenhuma! Uma hora vamos nos encontrar de novo. Pode não ser agora, mas, com certeza, lutaremos de novo. Vou descontar com juros e correção monetária, pode anotar”, garantiu.
Como é um lutador de personalidade, Boi não fugiu, quando perguntado sobre a ‘sarrada’ que Israel Adesanya deu em Paulo Borrachinha, após ter vencido no UFC 253. O brasileiro defendeu o compatriota e disse que, se o nigeriano tivesse feito isso com ele ou com alguém de sua equipe, cenas lamentáveis aconteceriam.
“Comentei isso até com o Minotauro. O Borrachinha foi nocauteado e não estava bem para entender. Acho que ele nem viu na hora. Se fosse comigo ou com um parceiro, com certeza, daria uma briga generalizada. Eu só ia sossegar, quando acertasse as contas. Acho que o Borrachinha fez certo. Ele tinha que vender essa luta, independente do que as pessoas vão achar. É muito fácil criticar. Somos nós que tomamos as pancadas”, finalizou.
Apesar da desenvoltura, Carlos Boi tem apenas 25 anos e fará sua décima luta no MMA. O brasileiro possui oito vitórias na carreira, sendo seis por nocaute e apenas uma derrota, justamente, em sua estreia no UFC.
Por sua vez, Yorgan de Castro possui um cartel parecido. O atleta de Cabo Verde, de 33 anos, possui seis vitórias no esporte, sendo cinco por nocaute e uma derrota.