Uma das maiores apostas brasileiras no Ultimate está de volta. Neste sábado (19), Johnny Walker subirá no octógono para uma das lutas mais aguardadas do UFC Las Vegas 11, quando enfrenta o perigoso Ryan Span. Em entrevista exclusiva ao SUPER LUTAS, o meio-pesado (até 93kg.) mostrou maturidade ao tratar do futuro na organização e mantém o foco em se recuperar de dois resultados negativos em sequência.
No Ultimate desde 2018, Johnny surpreendeu os fãs com performances convincentes e empolgantes, dando uma grande impressão. Com grandes nocautes, o brasileiro chamou a atenção do público e da organização e se colocou em posição de destaque em um dos grupos mais competitivos da empresa. A realidade, agora, é um pouco diferente, já que o atleta vem de derrotas, mas tudo pode mudar neste final de semana.
A situação da pandemia do coronavírus afetou diretamente a rotina das pessoas ao redor do mundo e não foi diferente para atletas do MMA. Enquanto fez sua última preparação no Canadá, agora, Walker treinou na Irlanda, orientado pelo respeitado John Kavanagh. O brasileiro, então, falou sobre como foi o período aprendendo com o técnico.
“Os treinadores do Canadá também são muito profissionais. Então, não foi muito diferente. Eu me senti mais em casa aqui na Irlanda. Estavam todos focados 100% comigo, tudo o que eu precisava, eles chegavam junto”, contou.
Depois de nocautear seus três primeiros adversários no Ultimate no primeiro round, Walker conheceu a derrota na organização no encontro contra Corey Anderson, em novembro do ano passado. Em março deste ano, o combatente de Belford Roxo (RJ) voltou a ser batido, desta vez por Nikita Krylov. O último revés, no entanto, acabou servindo de ponto de partida para que Johnny amadurecesse enquanto atleta e evoluísse para o futuro.
“Eu senti que posso lutar contra um cara bem duro. Eu nunca tinha levado nenhuma luta para a decisão, e levei um cara duro para a decisão. Ele não me bateu muito, só me controlou no chão. Minha musculatura estava bem fadigada, acho que treinei demais. Meu cardio estava bom, mas a musculatura não estava funcionando. Mesmo não estando 100%, eu consegui lutar três rounds. Isso me ajudou bastante e me deu a certeza que tenho dom para luta e para chegar”, explicou.
Após uma série de três vitórias animadoras, não demorou muito para que Walker caísse nas graças dos fãs. O atleta, no entanto, vive uma via de mão dupla quando se trata dos espectadores. Depois das derrotas recentes, o brasileiro acabou sendo alvo de críticas por uma parte dos entusiastas do esporte. Johnny, no entanto, afirmou que aprendeu a lidar com determinadas situações.
“No começo era meio estranho e eu ficava meio ‘bolado’. Os mesmos que aplaudem vão vaiar e tenho que conviver com isso. Faz parte do jogo e encaro de uma forma bem tranquila. Eu até fiz uns testes. A galera, às vezes, falava mer** pesada e eu ia e mandava mensagem para o cara: ‘e aí, parceiro, por que está tão agressivo assim?’. E o cara que me odiava falava: ‘Poxa, cara, sou seu fã!’ (risos). Isso aconteceu várias vezes. São só fãs que ficam desapontados com uma derrota. É assim que funciona. São seres humanos, têm emoções. Ele torce para você. Já me acostumei”, afirmou.
Precisando vencer para voltar à briga por uma disputa de cinturão, Walker, neste sábado, terá o duro compromisso de bater Ryan Spann e, assim, tirar a invencibilidade do atleta na organização. Sem titubear, o brasileiro falou sobre a expectativa para o duelo.
“Irmão, vai ser porrada. Wrestling, kickboxing, muay thai, soco para tudo o que é lado. Vou tentar manter a minha estratégia. A gente já viu o que ele costuma fazer quando toma porrada, quando ele entra em queda. Já está tudo planejado e vou lutar até o final, dar meu melhor”, disse o brasileiro.
Atual número 11 entre os meio-pesados, Johnny não quer saber de descanso depois do compromisso deste final de semana. No que depender do atleta, ele ainda será visto mais uma vez até o fim deste ano.
“Já quero lutar de novo em dezembro. Começar o ano com mais uma vitória para ver se me coloca em uma posição mais favorável no ranking. Aí, chega ano que vem, se tudo der certo, eu consigo um ‘title-shot’ (luta que precede uma disputa de cinturão)”, cravou.
Sabendo que irá trocar forças contra um adversário que não sabe o que é perder no Ultimate, Walker entende que é complicado arriscar um resultado no UFC Las Vegas 11. O brasileiro, no entanto, mostrou pés no chão e garantiu que o único foco é sair com um triunfo.
“Eu não vou deixar na mão dos juízes. Vou lutar o máximo que puder, com sangue no olho. Só quero ter meu braço levantado no final, independente de como vai ser”, finalizou.