Anderson Silva completa 45 anos de idade. Considerado, por muitos, como o maior atleta da história do MMA, o brasileiro escreveu seu nome a ouro no esporte. Com estilo ímpar, o atleta se consagrou como ícone de uma geração de lutadores nas artes marciais mistas.
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Nascido em São Paulo, o atleta, junto com Wanderlei Silva, Vítor Belfort, Royce Gracie e muitos outros, ajudou a difundir o MMA para o Brasil e assumiu o protagonismo durante muitos anos dentro do UFC. Considerado imbatível durante um longo período de sua carreira, ‘Spider’ – como é conhecido – ganhou status de ícone e, mesmo longe de seu ápice, continua sendo muito respeitado dentro do esporte.
Em homenagem à lenda, nossa equipe selecionou 10 momentos marcantes da carreira do lutador, que, hoje, luta contra o tempo e continua reforçando seu amor ao esporte, atraindo milhões de espectadores sempre que sobe ao octógono.
1) A vitória épica sobre Rich Franklin e a conquista do cinturão
A data: 14 de outubro de 2006. Anderson havia feito sua estreia pelo UFC em abril, quando derrotou Chris Laben por nocaute no primeiro round. Seu estilo único de lutar já era comentado nos bastidores do Ultimate e, após o debute, Silva foi escalado para enfrentar o então campeão dos médios (até 83,9kg.), Rich Franklin.
O norte-americano conquistou o título da divisão em 2005, quando bateu o compatriota, Evan Tanner, no UFC 53. Franklin já tinha defendido o posto de número um em duas ocasiões, mas não podia imaginar que o confronto contra Anderson marcaria sua história para sempre.
A luta foi um baile, literalmente. ‘Sipder’, ao seu melhor estilo, parecia dançar em frente ao seu adversário. Com movimentos rápidos e precisos, Silva não tomou conhecimento do rival e aplicou um dos nocautes mais marcantes da história do UFC, conquistando o título no primeiro round e dando início a uma trajetória de sucesso no Ultimate.
Rich acabou recebendo a oportunidade de tentar recuperar seu título contra ‘Spider’ um ano depois, mas, novamente, acabou sucumbindo à genialidade do brasileiro.
2) O show sobre Forrest Griffin
Em 2009, Silva já havia feito história ao igualar o recorde de cinco defesas de cinturão pela empresa. O atleta, depois de vencer o compatriota Thales Leites no UFC 97, aceitou atuar entre os meio-pesados (até 93kg.) para um novo desafio.
O brasileiro foi escalado para enfrentar Forrest Griffin no card de número 101. O público que estava presente no Wachovia Center, na Filadélfia, em 8 de agosto do mesmo ano, no entanto, não tinha ideia que presenciariam algo histórico na luta co-principal da noite.
Mesmo atuando contra um adversário potencialmente mais perigoso e de maior força, Silva mostrou mais uma vez o motivo de ser considerado um atleta afrente de seu tempo. Atuando de maneira segura e sem fugir de suas características, ‘Spider’ precisou de 3m23s para chocar o mundo e promover um dos nocautes mais espetaculares da história do esporte e uma das melhores atuações já vistas.
3) Chael Sonnen: o maior rival
Depois de se tornar campeão dos médios, Anderson enfileirou ‘vítimas’ e começou a criar uma certa preocupação dentro da organização. O lutador precisava de um rival que pudesse colocar seu reinado em perigo, de alguma forma.
Foram necessárias cinco defesas de título para que a empresa chegasse a Chael Sonnen, provavelmente o maior adversário – em promoção – da carreira do brasileiro.
Apesar de não ser um dos maiores atletas que já pisaram no octógono do Ultimate, Sonnen levou o ‘trash talking’ (maneira provocar o oponente) a outro patamar. O que hoje se vê com Conor McGregor já era feito há anos pelo ‘Gangster Americano’ – guardadas às devidas proporções.
Em agosto de 2010, pelo UFC 117, o brasileiro e o norte-americano foram, enfim, colocados frente a frente dentro da arena de combate. Depois de muitas provocações de Sonnen, que afirmava com confiança que iria colocar fim no reinado de Silva, o norte-americano, de fato, conseguiu chocar o mundo.
Em uma luta de cinco rounds, Chael dominou completamente Anderson, algo nunca visto até então. Competente no wrestling, o norte-americano fez o uso da modalidade para manter ‘Spider’ no chão e não permitiu que o brasileiro atuasse em sua zona de conforto: a trocação.
No entanto, a genialidade falou mais alto. Como em um roteiro hollywoodiano, Anderson, depois de ser duramente castigado, nos segundos finais do último round, encontrou uma chave de braço e obrigou com que o rival batesse em desistência, levando o público ao delírio e mostrando o porquê de ser considerado o melhor daquela época.
Anderson não só manteve seu título, como conquistou o bônus de ‘Luta’ e Finalização da Noite’, além de ampliar para sete o recorde de defesas de cinturão.
Assim como Franklin, Sonnen também teve sua revanche contra Silva, mas o cenário da luta, em julho de 2012, foi completamente diferente. Mais seguro e experiente, Anderson nocauteou o norte-americano no segundo round, com um show para seus fãs e o público que acompanhava a luta em Las Vegas (EUA).
4) A queda do ‘Fenômeno’
No UFC 126, o Ultimate quis dar ao mundo uma luta entre dois dos maiores nomes do MMA brasileiro. Com o título dos médios em jogo, Dana White e sua equipe escalaram Vitor Belfort para desafiar Silva pelo título.
Na época, o ‘Fenômeno’ vinha de uma sequência de cinco vitórias consecutivas – quatro por nocaute. Para a diretoria da empresa, nada melhor do que promover o encontro de dois ícones.
Diante de muita promoção, os atletas deram um ‘gostinho’ do que iria acontecer já na pesagem cerimonial, na noite anterior à luta, quando chegaram a tocar os rostos e tiveram de ser separados por membros das equipes.
Em 5 de fevereiro, então, a luta. Havia muita expectativa sobre quem seria vencedor do confronto: a agressividade de Belfort ou o talento e genialidade de Anderson.
Não deu outra. Após um início tenso, com estudos de ambas as partes, Silva deu mais uma prova de sua maestria no octógono. Com um chute direto no queixo do compatriota, Anderson levou o adversário a nocaute e promoveu outro episódio marcante atuando pelo Ultimate.
Após a vitória, o paulista confirmou que o golpe foi consequência de ensinamentos do astro de filmes de ação, Steven Seagal, que é um grande mestre das artes marciais.
5) Luta contra Bonnar: novo show
Em 2012, a popularidade de Anderson Silva já estava longe de ser a de um lutador comum. Desde sua estreia pelo Ultimate, o brasileiro já havia se apresentado em 15 oportunidades e nunca havia perdido um combate. Na época, o atleta era o principal nome da organização e, como um bom funcionário, decidiu ajudar a empresa e salvar o card que marcaria o UFC Rio 3.
A luta principal do evento marcaria a defesa de título de José Aldo, que enfrentaria Frankie Edgar pelo cinturão dos penas (até 65,7kg.). O manauara, no entanto, sofreu uma lesão no pé e foi obrigado a deixar o card.
Anderson, então, entrou em ação e topou o desafio de enfrentar Stephan Bonnar na luta principal do evento. Novamente atuando pelos meio-pesados, Silva voltou a dar show.
Ovacionado em sua entrada no octógono, ‘Spider’ que não colocaria seu cinturão dos médios em jogo, entrou na arena com o dever de entreter o público. E foi o que ele fez.
Foram exatos 4m39s de apresentação. Silva, em seu melhor estilo, atuou de guarda baixa na maior parte do confronto e se permitiu, inclusive, ser tocado pelo norte-americano em algumas ocasiões. O ponto máximo do confronto foi quando o brasileiro se encostou na grade com a guarda baixa e permaneceu se esquivando dos ataques do rival, levando o público ao êxtase. Quando quis, o paulista aplicou um duro nocaute em Bonnar, que caiu após uma joelhada certeira na linha de cintura. Gênio.
6) O drama da lenda
Nove meses depois do show contra Stephan, Anderson sofreu um dos maiores golpes na carreira. Depois de chocar o mundo ao perder o cinturão dos médios para o, então, pouco conhecido Chris Weidman, em julho de 2013, cinco meses depois, o brasileiro teria a oportunidade de recuperar seu posto.
O card: UFC 168. Era dezembro de 2013 e os espectadores mal sabiam que estavam prestes a acompanhar a agonia de uma lenda. Determinado em recuperar seu título, Anderson atuava com seriedade contra Chris. Criticado após ter, para alguns, abusado das brincadeiras no primeiro encontro entre eles, Silva parecia mais focado para o novo compromisso.
A luta permanecia equilibrada até que, após tentar um chute baixo, o ‘Spider’ acabou protagonizando um dos momentos mais chocantes da história do MMA.
Nas imagens, a canela de Anderson visivelmente se quebra ao meio. Mais tarde, após o atendimento médico, o diagnóstico: os ossos da tíbia e fíbula da perna esquerda foram fraturados. A carreira de Anderson estava em xeque a partir dali.
7) O retorno
Depois da grave lesão sofrida por Silva, muitos questionavam se o atleta conseguiria retornar ao esporte depois de passar por cirurgia e enfrentar um período de recuperação rigoroso. Mas Anderson é Anderson.
Pouco mais de um ano depois do episódio chocante, o atleta subia novamente ao octógono e encarava outro ícone do MMA: Nick Diaz.
Conhecido pelas provocações ácidas a seus adversários, Nick fugiu da regra e mostrou todo o respeito por Silva, mantendo o nível na promoção do evento contra o brasileiro.
No combate em si, Anderson não conseguiu performar como antes, mas acabou vencendo o norte-americano na decisão unânime dos juízes na luta principal do UFC 183, em janeiro de 2015. Posteriormente, o resultado do combate acabou alterado devido ao fato de tanto ‘Spider’ quanto Diaz terem sido flagrados em exames antidopings.
8) Anderson Salva
Em 2016, ‘Spider’ já não ostentava o título dos médios, mas ainda mantinha o respeito da organização, além dos atletas que atuam no Ultimate. O nome da vez era Jon Jones, dono do título dos meio-pesados (até 93kg.), mas que leva uma vida contraditória fora do octógono.
Próximo do UFC 200, ‘Bones’ acabou flagrado em um exame antidoping e teve de deixar a luta contra seu maior rival, Daniel Cormier. Anderson, então, se ofereceu para substituir o companheiro de trabalho e aceitou encarar DC, que vivia um grande momento na carreira, com dois dias de antecedência.
A vitória não veio, mas, assim como nos filmes de Rocky Balboa, Anderson deixou o octógono aplaudido pelo público e se mostrou feliz por ter enfrentado com competência um dos maiores nomes da empresa naquela ocasião. Na luta, Silva foi declarado derrotado na decisão unânime dos juízes.
9) Experiência x Juventude
No MMA desde 1997, Anderson Silva, sem dúvida, fez escola no esporte. Tal fato fez com que, em fevereiro do ano passado, o brasileiro fosse escalado para trocar forças contra uma das maiores promessas dos leves: Israel Adesanya.
Fã confesso do brasileiro, o nigeriano – que viria a se tornar campeão interino da categoria em seu próximo compromisso -, sempre afirmou que enxerga ‘Spider’ como exemplo. Com estilos parecidos, a organização achou por bem colocá-los para lutar.
Na luta, um desafio curioso. Mais velho e longe do seu auge, Anderson, agora, parece se divertir no octógono. Era uma luta de espelho e reflexo; experiência contra juventude.
Ao fim de três rounds, Adesanya acabou sendo declarado vencedor na decisão dos juízes, mas prestou o devido respeito à seu ídolo ao fim da apresentação.
10) Aposentadoria?
Com 45 anos recém completados, Anderson está longe de pensar em pendurar as luvas. Quem acompanha as redes sociais do atleta percebe que ‘Spider’ faz sempre questão de manter a forma e está em dia com os treinamentos. A frequência de Silva no octógono é, claro, mais baixa do que a de anos atrás, mas, mesmo assim, o combatente admitiu que ainda tem algumas lutas em seu contrato e pretende cumpri-las.
É comum, em entrevistas, ouvir Anderson afirmando que já não sonha com cinturão. Suas apresentações se dão única e exclusivamente por amor ao esporte. É fato, no entanto, que todos param para assistir quando Silva calça as luvas e sobe ao octógono. Vencendo ou não, é uma lenda viva e merece todo o respeito.
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