Rose Namajunas desembarca no Rio Janeiro para defender o cinturão peso palha do Ultimate diante da brasileira Jéssica Bate-Estaca no UFC 237, evento que acontece no próximo sábado (11). Calada, compenetrada e humilde. Essas três características, à primeira vista, poderiam definir a norte-americana. Entretanto, ela é muito mais do que isso.
A lutadora, de 26 anos, será a segunda estrangeira a colocar seu reinado em jogo em terras tupiniquins diante uma representante do país. A primeira a fazer tal proeza foi Ronda Rousey. A ex-lutadora chegou ao Brasil e dividiu a torcida no UFC 190, em agosto de 2015, quando nocauteou Bethe Pitbull em rápidos 34 segundos.
Apesar da coincidência, Ronda e Rose tem muitas diferenças. Rousey trouxe, junto com sua habilidade nas artes marciais, holofotes que extrapolaram os lados do octógono. Boa lutadora, às vezes simpática, outras polêmica, não demorou muito para que a ela se aventurasse na carreira artística. Hoje, a primeira campeã do UFC divide seu tempo entre à carreira no cinema e, mais ainda, em sua já consagrada presença no WWE.
Namajunas, por sua vez, é uma campeã discreta. Para traçar o perfil da lutadora, basta observar seu discurso quando se tornou campeã da divisão de palhas. Ao bater Joanna Jedrzejczyk, no UFC 217, em novembro de 2017, Rose, em um momento de emoção, desabafou e disse que não é preciso de muitas provocações para se tornar campeã do UFC.
“Há tanta coisa ruim acontecendo na mídia e nas notícias. e eu só queria tentar usar meu dom nas artes marciais e tentar tornar esse mundo um lugar melhor. Esse cinturão não significa nada. Apenas seja uma boa pessoa. É isso, o resto é extra…Isso é demais, mas vamos apenas abraçar um ao outro e ser pessoas legais”.
A postura de Rose difere da maioria dos atletas do UFC. Em 2015, ainda sem grandes holofotes, ela enfrentaria a bela Paige VanZant. O combate chegou a ser vendido como duelo de musas. Mas Namajunas não queria esse rótulo. Ela raspou os cabelos antes da luta e até inspirou uma campanha contra o câncer em crianças.
“É uma luta e não um concurso de beleza, vamos cortar tudo”
Com cabelos raspados e com estilo diferente do convencional, a atleta conseguiu, mesmo com poucas palavras, cair nas graças dos fãs de MMA em um universo onde o machismo ainda fala mais alto.
Apesar do estilo humilde, Rose mostra bastante coragem e nunca se escondeu de grandes desafios. Foi assim quando ofereceu a revanche a Jedrzejczyk, em abril de 2018, e voltou a derrotar a polonesa. Ela repete o ato e aceitou vir ao Brasil para encarar Bate-Estaca.
Lutar contra Jéssica não seria problema, haja vista que a paranaense já se mostrou mais do que apta a disputar um título pela divisão. Porém, o que faz de Rose tão generosa? É simples. A norte-americana aceitou defender seu título no Brasil. Geralmente, o casamento de disputas de título acontece de forma contrária. A desafiante, ou o desafiante, viajam para os países de seus oponentes e têm de enfrentar, além da pressão pelo título, um adversário com potencial – muitas das vezes – acima dos demais.
A luta no Brasil, no entanto, tem um fator dificultador a mais: a torcida. Todo o lutador que se arrisca contra um atleta do Brasil, tem, além de suportar seu adversário, conseguir ignorar os gritos de ‘uh, vai morrer!’, que começam desde a pesagem até o fim do combate.
Com duas defesas de cinturão, Namajunas só tem um problema ao lutar no Brasil: enfrentar uma brasileira. Caso não o fosse, provavelmente atleta seria recebida com todas as honrarias.
Comedida e simpática ao mesmo tempo, Namajunas apresenta um cartel de 11 lutas, oito vitórias e três derrotas. Resta, agora, a expectativa de ver qual das guerreiras terá seu braço levantado ao fim da luta principal do UFC 237.